segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Maquiavelismo Gospel.


É fato notório que filósofos, amantes do pensamento e até leigos em assuntos filosóficos conhece a famosa frase do pensador renascentista Nicolau Maquiavel: “os fins justificam os meios”. A conhecida frase que diverge em suas interpretações e pontos de vista próprios de cada intérprete faz-se pensar sobre a explicação mais utilizada sobre essa célebre expressão e assim concluindo que este pensamento está alojado na maioria das propostas e dos métodos utilizados por muitas igrejas em nossos dias.
            Nestes dias hodiernos, os quais a Bíblia garante que o quadro clínico espiritual seria grave, muitos lobos cruéis entram no meio do rebanho (cf. At  20.29), propagando seus próprios ensinamentos, doutrinas de demônios,falsos  evangelhos e falácias doutrinárias (cf. Gl 1.8, 1 Tm 4.1, 2 Tm 4.3, Tt 1.14), esquecendo-se, assim,  da cruz, do calvário, do combate ao pecado, da santificação e da volta de Jesus (cf. 2 Tm 4.4), acarretando num grande número de pessoas persuadidas e enganadas que se distanciam cada vez mais das verdades bíblicas (2 Pd 2.2).
            É deveras preocupante ver as multidões procurando um evangelho fácil, o qual predomina em muitos púlpitos que são dirigidos por líderes que seguem à risca o pensamento maquiavélico, uma vez que o importante é a quantidade e o grande crescimento numérico de membros de suas igrejas, e não a conversão verdadeira das pessoas. O pensamento vigente é: ter um tremendo crescimento mediante a apresentação de um evangelho de facilidades e entretenimento, promovendo shows gospel, fãs clube e atrativos fáceis, um evangelho de verdades omitidas e encobrimentos de erros, onde os pregadores “passam as mãos” na cabeça das pessoas e não denunciam o pecado, ocasionando num imenso desenvolvimento numérico, porém sem qualidade e morto espiritualmente. Definitivamente, líderes que usam meios que deturpam o evangelho de Cristo a fim de que haja um grande número de “conversões”, perderam a visão espiritual do Reino de Deus.
            Muitos meios utilizados para alcançar o maior número de pessoas, desfiguram o foco da Igreja. Por exemplo, lugares onde deveriam ser casa de oração (cf. Mt 21.13) estão se transformando em palcos de shows, com luzes, fumaça, danças, empurra-empurra e pula-pula, sendo uma verdadeira bagunça, fugindo totalmente daquilo que a Bíblia propõe (1 Co 14.40). Segundo Romanos 12.1, “Rogo-vos, pois irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional”, entende-se que não é questão de ser extremista, mas  de expor a realidade de muitas igrejas hodiernas que estão distantes daquilo que foi proposto por Cristo Jesus.  Cultos onde não há mais exposição da Palavra de Deus, pois as músicas antropocêntricas e canções intermináveis tomam conta de toda a liturgia, e na euforia momentânea, muitas pessoas choram e imaginam estarem vivendo um grande avivamento, no entanto, após o “culto”, chegando às suas casas, não conseguem se desprender das coisas desta vida, não têm uma vida de oração e meditação nas Sagradas Escrituras e tampouco conseguem vencer o pecado, pois não experimentaram um autêntico avivamento, que só pode ser originado da Palavra de Deus.
            Hoje em dia, diz-se que é preciso criar atrativos para atrair o povo, principalmente os jovens, trazendo novidades que acabam modificando o evangelho para uma versão mais agradável e aceitável, um “evangelho fácil” de benefícios, bênçãos sem fim, prosperidade, bens terrenos e divertimentos. Isso, porém, não é evangelho cristocêntrico e nem bíblico, pois a decisão por Cristo não deve ser motivada por nenhum interesse próprio ou benefício, mas pelo verdadeiro arrependimento, conversão, regeneração e santificação, obras peculiares realizadas pelo Espírito Santo, aquele que convence o homem do pecado (cf. Jo 16.8). O meio mais eficaz a fim de se achegar a Deus continua (sempre continuará) sendo Jesus Cristo, pois Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, Jo 14.6. O único meio, portanto, que leva o homem ao céu e o aproxima de Deus chama-se Jesus Cristo, o mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5).
No amor de Cristo.

Thiago Vargas de Mello
            

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