quinta-feira, 31 de março de 2011

Procura-se uma Igreja Velha

No passado, éramos chamados de 'crentes' e éramos respeitados. Eu tinha 16 anos, trabalhava num escritório, na 7 de Setembro, no Rio. Numa noite, roubaram o cofre da empresa. A polícia veio investigar. Fim do expediente, eu precisava sair porque estudava. Um policial disse: 'Deixa o menino ir. Ele é crente e crente não faz isso'.Não era eu, como pessoa. Eram os crentes. Acima de suspeita.
Depois viramos 'evangélicos'. Alguns são ' gospel'.
Mas quando éramos respeitados, o caráter era trabalhado em nossas igrejas.
A ênfase mudou. Passou a ser o poder espiritual... Daí para o poder material e político foi um passo, porque não era o quebrantamento espiritual, mas poder espiritual para dominar.
Nesta busca de poder, o que nos limitava foi posto de lado, pouco a pouco, a Bíblia.
Porque ela estabelece padrões e limites.
Foi substituída por uma enxurrada de revelações, de profecias, de era do Espírito, onde líderes nem sempre sensatos fogem ao controle das Escrituras e ditam sua visão pessoal como palavra divina. 
O senso crítico se esvaiu.
De pastor passou-se a bispo. De bispo a primaz. De primaz a apóstolo. De apóstolo a pai apóstolo. 
Uma megalomania que evidencia desequilíbrio gravíssimo. Como há desequilibrados em nossas igrejas!
O evangelho produz saúde, não doença!
Quem chama à sanidade espiritual e emocional é frio, ressentido porque o rebanho não cresce.
A ética cedeu à celebração.
Vale mais o culto festivo que o culto reflexivo, de análise da vida diante de Deus, de conserto, de afirmação de valores. 
O narcisismo é chocante.
Pasmei num congresso em que preguei. Um típico programa de auditório: música pauleira e manipulação. A entrada do cantor em palco foi doentia. Luzes apagadas, rufar de instrumentos, luzes sobre ele, de cabeça baixa, até levantá-la em ar triunfal.
E a gritaria. Senti-me fisicamente mal. E envergonhado. 
Não foi isso que aprendi na Bíblia.
A Convenção eclesiastica em que faço parte, em excelente documento, pede um Brasil novo, à luz dos gravíssimos casos de corrupção no país.
Mas junto com o Brasil novo precisamos clamar por 'uma igreja velha'.
Uma igreja velha, sim. Uma igreja antiga.
Uma igreja em que a Bíblia seja pregada, em que a crença no poder do Espírito para fazer a obra crescer nos leve a prescindir de atos desonestos, de manipulações e de extorsão na contribuição.
Uma igreja velha em que evangelizemos, e não agridamos.
Em que aceitemos o crescimento dado pelo Espírito, e não o de 'marketing'.
Uma igreja velha, onde caráter seja mais importante que os nomes de figurões usados para adornar a igreja.
Uma igreja velha em que o evangelho não ceda lugar à convivência amiga, sem contestações e sem exigências, 'porque precisamos atrair as pessoas'.
Uma igreja velha que pregue Jesus e não política.
E que não chame de 'alienados' os que pregam que 'Jesus salva' e que só Jesus pode mudar o mundo.
Que minha igreja, que aprendi a amar, seja uma igreja velha. Cheia de 'crentes' e não de ' gospéis' (céus!).
Se ela não quiser, este pastor maduro, que se sente 'velho', terá que buscar uma 'igreja velha'.
Mas está tão difícil achar crentes 'velhos' e 'igrejas velhas'!



Pr. Adelino Ferreira   in Blog do Pr. Adelino

Um comentário:

  1. E ainda sou um crente velho pois ainda nao vejo televisão, não uso bermuda,não escuto musica mundana, subo no monte para orar, minha esposa nao usa calça comprida, não usa maquiagem, nem brinco,e não e farisaismo não pois santidade interior nao invalida a exterior muito pelo contrario quem e santo por dentro e santo por fora, ainda choro na presença de Deus, tenho e acredito e visoes e revelaçoes, a 10 anos largueir o funk a tv a capoeira e esse mjndo de pecado, esse a igreja moderna jesus não esta nela.

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