sexta-feira, 20 de maio de 2011

O sonho litúrgico!

Entrei numa Igreja Evangélica Assembleia de Deus. O culto começou no horário, depois de um período de oração. Um grupo de jovens iniciou o louvor com o hinário oficial, a Harpa Cristã, juntamente com uma orquestra bem ensaiada. Depois, esse mesmo grupo e a banda cantaram hinos contemporâneos com maravilhosas letras de adoração. O líder da banda se limitava a cantar e não pregar nos intervalos dos hinos. O pastor subiu no púlpito e fez uma leitura devocional das Sagradas Escrituras. O início da liturgia estava formado.

Um grande e afinado coral iniciou novos louvores alternando entre as músicas clássicas e os novos cânticos. A igreja não estava dividida em inúmeros departamentos com suas cansativas apresentações “automáticas”, mas o coral englobava todas as faixas etárias da igreja e cantavam porque simplesmente gostavam e estavam comprometidos com os ensaios. Os vocais de departamento quase que obrigavam todos os membros a cantarem, mas no coral isso não acontecia, já que somente os vocacionados para o louvor faziam parte do grupo.

Um diácono apresentou os visitantes de forma simpática, rápida e objetiva. Entre os visitantes havia um pastor de outra cidade que era amigo do pastor local. Ele foi apresentado pela referida função eclesiástica, mas sem delongas, papo furado e louvores. A visita era surpresa, então o pastor visitante não assumiu o microfone já que os pregador desse culto é sempre escolhido com planejamento e antecedência. O culto, mesmo na dependência do Espírito Santo, tinha uma ordem. O pastor tinha consciência que a espontaneidade da espiritualidade pentecostal não era inimiga do planejamento.

Os diáconos não ficavam sentados como uma estátua no púlpito esperando “a oportunidade”. Aliás, ninguém ficava sentado como enfeite de plataforma. Os diáconos auxiliavam os visitantes e coordenavam a organização do templo, sempre bem educados e simpáticos. Os diáconos com os cooperadores também estavam responsáveis no recolhimento dos alimentos e roupas doadas para a assistência social.

No momento das ofertas não houve apelos desesperados, mas uma rápida lembrança que a oferta é um ato de adoração espontânea. Os diáconos distribuíam uma pequena cartilha de prestação de contas sobre o último mês. Não houve ameaças de um suposto “demônio devorador” segundo uma exegese sofrível do profeta Malaquias. A oferta recolhida naquela noite faria parte do próximo caderno mensal de prestação de contas.

O pastor iniciou o sermão. Com voz clara, sem gritos, histerias e shows particulares; o pregador fazia uma pregação expositiva no capítulo três do Evangelho de João. O sermão expunha o contexto histórico, gramatical e fazia uma aplicação para os nossos dias. A pregação discorria versículo por versículo. Os membros da congregação ouviam com atenção e anotavam frases do sermão e referências citadas pelo pastor. A pregação não tinha tom monótono e nem histérico. A voz do pregador não lembrava enfermeira de hospital e nem narrador de futebol.

No final do sermão, o pastor foi usado no dom de profecia para uma palavra de consolação à igreja. A profecia era atentamente avaliada pelos ouvintes. Não houve malabarismo, nem emocionalismo barato para a manifestação da profecia, mas era expressa de maneira objetiva. A igreja era orientada a julgar todas as profecias e ninguém agia com credulidade ou incredulidade prévia.

No final do culto houve um apelo. O esposo de uma dos membros da igreja “aceitou a Jesus”. Ele foi convidado pela esposa e bem recepcionado. No decorrer do culto ele ouviu uma pregação cristológica que lembrou sobre a necessidade do novo nascimento. Se falou como o homem é um pecador necessitado pela graça sem apresentar uma “graça barata” e nem agir com pregações grosseiras que são confundidas com “autoridade espiritual”.
E culto foi encerrado com mais um hino, breves avisos e uma oração.

Então, o despertador tocou e com tristeza concluí: Era apenas um sonho litúrgico. No próximo domingo vamos estudar “o genuíno culto pentecostal” nas escolas dominicais assembleianas. Que os professores usem essa oportunidade para alertar sobre a distorção atual.



Fonte: http://teologiapentecostal.blogspot.com/2011/05/o-sonho-liturgico.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário